“Cada vez que nos apaixonamos, estamos tendo uma nova chance de acertar. Estamos tendo a oportunidade de zerar nosso hodômetro. De sermos estreantes. Uma pessoa acaba de entrar na sua vida, você é 0km para ela. Tanto as informações que você passar quanto as atitudes que ela tomar serão novidade suprema – é a chance de você ser quem não conseguiu ser até agora.”
Assim escreveu Martha Medeiros em sua crônica "Apaixonados".
Estamos tão constantemente querendo provar a nós mesmos que somos bons o suficiente, que recorremos a rotas nem tão confiáveis para tal.
Apaixonar-se é bom, um dos melhores sentimentos que podemos experimentar. Porém, isso requer uma outra pessoa envolvida, que pensa e age diferente. Que tem vontades e princípios. Que tem sonhos, e você, certamente, vai acabar com alguns deles.
Antes de cair na paixão, deve-se ter a consciência de tudo que você vai significar para essa pessoa. De tudo que você vai prometer, mesmo sem dizer uma palavra. De que todas palavras ditas serão consideradas, bem como todos os gestos e todo deslize.
Estar morto de paixão é ótimo, é essencial, mas há de ser forte o suficiente para conseguir lidar com toda dor e abismo de solidão que te assolará quando tudo isso acabar. Pode levar anos para chegar ao fim, como pode levar um breve período de tempo.
Okay, tudo isso é racional, é fácil de pensar e concluir. E quando chegar a hora de botar em prática?
Quando chega hora somos tão ausentes de modéstia que achamos, temos a ousadia de achar que seremos perfeitos. Que não vamos ferir, machucar, abandonar covardemente. Parabéns se assim for, mas duvido muito que seja.
A beleza do ser humano está em parte nessa fantasia, de achar que tudo vai dar certo, de investir, de dar um tiro no escuro simplesmente movido por um desejo, que nem precisa ser tão grande assim.
E a graça do ser humano está em parte na dor imensa que sente quando descobre que passou. Quando descobre que fracassou. Que não correspondeu o próprio desejo de ser o melhor. De ser lembrado como imortal.
Mesmo com todos os contras, ainda quero me reinventar. E vamos lá. Outra vez.